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quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

PRELÚDIO DA CACHAÇA, Luiz da Câmara Cascudo

CÂMARA CASCUDO, Luis da : Prelúdio da Cachaça. Etnografia, História e Sociologia da aguardente no Brasil. Rio de Janeiro, IAA, 1968; por Tatiana Paiva

* Ementa:

O livro "Prelúdio da Cachaça" foi escrito em Natal em 1967, editado e divulgado pelo Instituto do Açúcar e do Álcool em 1968. É composto por 99 páginas, sendo estas divididas em 17 capítulos, introduzidos pelo prefácio de Claribalte Passos, que define a obra como "admirável Sociologia da Aguardente" (pp.3).

O trabalho do autor é minucioso e preciso recorrendo a materiais, documentos e fontes mais diversificadas possíveis, fazendo uma caminhada "meticulosa e segura pelas estradas do tempo" (pp.4). "O retrospecto histórico é realmente soberbo" (pp.4), como afirma Claribalte Passos observando não só o esforço de Luis da Câmara Cascudo em ser coêrente, mas também reconhecendo a importância do livro em si, que "vem preencher uma enorme lacuna no seio da literatura do gênero" (pp.5).

A tese central pode ser definida por uma viagem folclorica, uma retrospectiva na jornada da aguardente no Brasil, afim de descobrir como surge o custume e a tradição da bebida que "'serve para tudo e mais alguma coisa'" (pp.21). Cascudo pesquisa desde como surgiu o nome Cachaça, até como era vendida, quando era bebida, quem a consumia etc. Sua retrospectiva sobre o assunto nos leva a uma jornada histórica voltando aos tempos coloniais dos canaviais e do tráfico negreiro, mostrando que a aguardente brasileira era bebida, mercadoria e um excelente e disputado presente. Cascudo se propõe a fazer um estudo analisando todas as dimensões da cachaça no Brasil, não fazendo um estudo do "complexo folclore, as aplicações da terapêutica superticiosa, os ritos da consumação plebéia", mas sim "um diagrama do percurso secular" (pp.98), sobre a "água que passarinho não bebe" (pp.3).

- O livro é composto por 17 capítulos:

- Cap. 1: "Abrideira": Comenta sobre o custume do primeiro copo de cachaça, "primeira dança, primeiro prato." (pp.7). "Diz-se também ABRE" (pp.7), contrário de Saideira.

- Cap. 2: "Identificação": Primeiras menções da cachaça, falando dos diversos nomes e possíveis origens destes. Refere-se também sobre a diferênça que a bebida tinha para cada raça (negros, índios e portugueses), colocando em questão a trajetória da cachaça pelo Brasil e as distinções de categorias. Mostra a popularização da aguardente em contraste com o vinho português, dizendo que "A propaganda da cachaça partiu de baixo para cima e de dentro para fora."(pp.37). A importância da bebida para Portugal em relação ao tráfico de escravos e contato com os índios.

- Cap. 3: "Ausência": Relata que no Brasil não existe o culto à bebedeira, "o brasileiro é devoto da cachaça mas não é cachaceiro." (pp.41).

- Cap. 4: "A Profissão": Começo do desenvolvimento dos caniviais.

- Cap. 5: "Exportação": A cachaça atinge um elevado nível de exportação, ficando "logo depois do açúcar, café, fumo e algodão." (pp.47).

- Cap. 6: "Niveladora": Problemas causados pela grande difusão da cachaça e pelo grande consumo (principalmente entre negros e índios).

- Cap. 7: "Bebida de 'Cabra'": Bebida atribuída nem ao negro, nem ao branco mas sim ao Cabra. "Vida de cabra é cachaça" (pp.52)

- Cap. 8: "Técnica": A cachaça se transforma em bebida popular, quase vital em certos lugares e situações, como em relação aos índios. Aquela "penetrou o cerimonial religioso" (pp.58) dos africanos e ultrpassou o consumo do tabaco, do fumo no Brasil e na África principalmente.

- Cap. 9: "Cerimonial": A relação da cachaça com cultos religiosos.

- Cap. 10: "Sinônimos": Expõe a diversidade de termos e os regionalisa.

- Cap. 11: "Coragem": "Há uma tradição de que a cachaça misturada com polvora provoca coragem" (pp.69). A cachaça teria sido utilizada em guerras brasileiras.

- Cap. 12: "Baile": Sobre o "Baile da Aguardente" divulgado por Melo Moraes Filho no Rio de Janeiro em 1902, em bailes pastoris mostrando a grande valorização da bebida.

- Cap. 13: "O Baile da Aguardente": O texto

- Cap. 14: "Cana-Caiana": Processo da cana no Brasil e seus diferentes tipos (Caiana, Preta, Roxa, Fita, Amarela, Pernambuco).

- Cap. 15: "Etiqueta": As bebidas e seus contextos sociais, inclusive a cachaça.

- Cap. 16: "Interlúdio do Fumo": O fumo e a bebida caminham juntos. "Quem bebe, fuma..." (pp.90).

- Cap. 17: "Saideira": Agradecimentos e exposição do objetivo que tentou alcançar.

* Interlocução:              ..._ CONTINUE LENDO AQUI_




Oliver Blanco

"Suco de cana-caiana
  Passado nos alambique,
  pode sê qui prejudique
  mas bebo toda sumana.     ...ditirambo popular. " 

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