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quinta-feira, 19 de julho de 2012

o fim da "monocultura" do Uísque americano

Cachaçaria Mel Na Boca
Será que os americanos tem mesmo paladar para a degustação de nossa cachaça? A palavra que eles reconhecem é "brazil caipirinha", bunda, samba; ou estão querendo comprar alambiques por aqui? Com uma notícia desta, como a que está abaixo, de reconhecer somente agora uma bebida parida no Século XVI; "rum brasileiro" é o caraí... o nome é Cachaça. "Dos meados do Século XVI até metade do Século XVII as "casas de cozer méis", como está registrado, se multiplicam nos engenhos. A Cachaça torna-se moeda corrente para compra de escravos na África. Alguns engenhos passam a dividir a atenção entre o açúcar e a Cachaça.

A cachaça brasileira e biodiversificada em produção, região, climas e na árvore que a envelhece. É este bojo, que cria aromas e sabores diversos e, a torna única, genuína de solos brasileiros.

Quando degustada, cada trago, carrega toda uma cultura, todo um conjunto histórico de um país, tristezas e alegrias. Músicas...

Esperamos que o povo brasileiro valorize sua bebida, antes que uma notícia desta, além de carregar informações estratégicas e importantes, como a descoberta do destilado brasileiro pelos americanos que sempre associavam nossa bebida a famosa Caipirinha, pode favorecer o próprio EUA a tomarem de assalto nossa bebida...

A nossa verdadeira Cachaça é realmente um "mel da boca" e, sempre esteve pronta para conquistar o mundo.

"A cachaça é do curumim, mais não alastra não..."

Oliver

EUA reconhecem cachaça brasileira e se preparam para "boom''

Jornal "New York Times" afirma que, após uma longa campanha dos produtores brasileiros, o governo americano iniciou o processo de reconhecimento do destilado.

Unidos estão prontos para mais um trago. 

Pelo menos é o que decretou uma reportagem do "New York Times" sobre a bebida brasileira.

O jornal afirma que, após uma longa campanha dos produtores brasileiros, o governo americano iniciou o processo de reconhecimento do destilado de cana-de-açúcar, que antes era vendido por lá como "rum brasileiro".

"Sempre houve piadas de que o rum deveria se chamar 'cachaça caribenha' e não o contrário", afirmou à publicação Steve Luttmann, fundador da marca Leblon.

"Acho que haverá um grande 'boom' da cachaça", afirmou Martin Cate, dono de um bar em São Francisco, lembrando que o Brasil está na moda com a realização da Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 por aqui.

Entre as dificuldades citadas para a inserção da cachaça na cultura etílica americana está o fato de ela ainda ser associada exclusivamente à caipirinha. "Ainda é sazonal", afirmou Luttmann. "Assim como a margarita e o mojito, as vendas aumentam no verão."

Segundo o jornal, isso vem sendo combatido por bares do país, que vêm inventando novas receitas, e pelos produtores, que estão fazendo chegar por lá cachaças envelhecidas e de melhor qualidade.



15/07/201206h00

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Novo display da Chaçaria no Aeroporto Leite Lopes



Novo display da Cachaçaria Mel na Boca é exposto na cafeteria do Aeroporto Leite Lopes de Ribeirão Preto e atrai muitos apreciadores de um bom presente para levar na mala.  A bebida é especial e, sem dúvida compõe os sabores do encontro, da prosa, da cantoria, da cultura e dos paladares de muitos brasileiros, brasileiras, além de visitantes estrangeiros em solos brasileiros.

Em parceria com a cafeteria Grand Coffee, o cardápio de cachaças da Mel na Boca segue voando pelo mundo a fora. Se for voar para o exterior, inté por aqui mesmo, não esqueça da abrideira de sua boa prosa... alegrias!

Boa viagem



sexta-feira, 20 de abril de 2012

L. Blanco e Renato Teixeira


Violeiro Renato Teixeira encantou a cidade de Ribeirão Preto com suas músicas pantaneiras, pura poesia do matão, neste dia 19 deste mês de abril que ferve Senhores cachasófilo, blogueiros. É! vai vendo. É um mês de muita luta pra muitos brasileiros.

Renato recebeu um presente da Cachaçaria Mel na Boca, uma Cachaça, nossa maior cotextualidade cultural, a mais antiga e nobre bebida brasileira.

A cachaçaria Mel na Boca representou novamente. Outros artistas de nossa música em suas passagens por Ribeirão também receberam: Tulipa Ruiz, Criolo, Curumim.

Blanco (cachaçaria Mel na Boca), Renato Teixeira e Junior, em noite de show no Teatro Pedro II.

contribuiu Oli Blanco

quinta-feira, 15 de março de 2012

Como reconhecer uma boa cachaça? por Demóstenes Romano

Como conhecer uma boa cachaça? Resposta sem contra-indicação: experimentando e sendo exigente. Não se impressione com rótulos, folders, histórias interessantes.

foto por Oliver Blanco

Sabores do Brasil 151

Como reconhecer uma boa cachaça? Para começo de conversa, a que é boa mesmo, diferente da maioria encontrada no mercado, tem aroma agradável, não “desce queimando”, não dá “bafo” e também não dá ressaca. Embora seja uma bebida destilada, como o uísque, e não fermentada, como o vinho, uma cachaça realmente boa é mais semelhante ao vinho do que ao uísque. Lamentavelmente poucas pessoas sabem disso. São raros os alambiques produtores da mais legítima e antiga bebida brasileira na qualidade especial que toda cachaça poderia ter (a propósito de antigüidade, há registro histórico de que o primeiro engenho para moagem de cana-de-açúcar no Brasil foi construído em 1534, por Martim Afonso de Sousa, donatário da Capitania de São Vicente). No riquíssimo e pouco conhecido universo da cachaça, o consumidor fica imerso na tempestade de informações de interesse comercial, de opiniões inconsistentes quase sempre contaminadas pelo exibicionismo de quem produz ou de quem consome, como Demóstenes Romano Como reconhecer uma boa cachaça 152 Textos do Brasil. Nº 13 se tudo fosse mistério e exclusividade na produção e na degustação de uma boa cachaça. Antes de ter meu primeiro alambique, pesquisei muito sobre produção e consumo de cachaça no Brasil, visitando muitos produtores, fazendo cursos, lendo tudo que encontrei, procurando as poucas universidades que se interessavam pelo assunto, espichando muitas conversas pelo interior de Minas Gerais. Nessas andanças, fiquei surpreso ao constatar o promissor futuro da cachaça, ainda que envolta por amadorismo, preconceito, marginalidade. Assim como ocorre na vida e em gestão de negócios, quanto mais baixo o estágio de evolução, mais amplo o espaço para a expansão. Se o leitor pensa não saber produzir e não saber degustar uma boa cachaça, esteja à vontade, isso acontece até mesmo com apreciadores brasileiros. Se você acha que é um desinformado em cachaça, saiba que o problema não é seu: a desinformação ronda a cachaça, quase sempre disfarçada em indefinições primárias, a começar pelo nome do produto: cachaça, pinga, caninha ou aguardente? Sem falar nos sinônimos populares mais usados: birita, branquinha, cobertor de pobre, dengosa, uca, tira teimas, mé, água que passarinho não bebe, canjebrina. Como o que nos interessa aqui é falar sobre algumas orientações na produção e na avaliação de qualidade, deixamos ao arbítrio do leitor. Para situar o leigo, explicitamos que nos referimos à cachaça artesanal produzida em pequena escala, porque quantidade e qualidade não combinam bem neste processo, do mesmo jeito que há substancial diferença entre fazer uma boa comida em fogão à lenha para dez pessoas ou fazer para cem pessoas. Resumidamente, o processo tradicional é assim:

1. Cultivo da cana-de-açúcar – qualquer uma das centenas de variedades de cana serve para ser alambicada. A diferença entre uma ou outra se reflete mais na produtividade, na quantidade de caldo ou no teor de sacarose, do que na qualidade da cachaça. Em tempo, nada de venenos, de fogo, e de outras práticas ecologicamente condenáveis.

2. Moagem – a cana é triturada, geralmente em engenhos convencionais de moendas, para dela se extrair o caldo mais comumente chamado de garapa. Aqui, na moagem, dois fatores influem decisivamente no grau de acidez da cachaça: a limpeza e a higienização do engenho, e o tempo que a cana ficar cortada (tanto melhor quanto menor for o prazo entre o corte, transporte e a moagem).

3. Fermentação – do engenho, a garapa vai para tanques ou cubas, aperfeiçoando o produto final, mais coada e sem bagacilhos ou qualquer outro resíduo sólido. Nesses recipientes diariamente se coloca garapa nova e limpa, com teor de sacarose em torno de 15 graus brix (grau que indica o teor de sacarose, medido por um aparelho chamado sacarímetro) e pH de 4,8 a 6,0. No processo artesanal de produção de cachaça, utilizando fermentação “caipira”, cerca de 20% do recipiente contém fubá de milho torrado e mais um pequeno percentual de farelo de soja e farejo de arroz. Nesses nutrientes orgânicos encharcados de garapa proliferam microorganismos, dentre os quais se sobressaem as leveduras, células eucariotas predominantemente “saccharomyces” e “schizosaccharomyces” – as mais eficientes na transformação de sacarose em etanol. A conversão do açúcar em álcool proporciona a transformação da garapa em mosto, a matéria pronta para a fase de destilação. Em Sabores do Brasil 153
Garrafa de cachaça. Pulsar Imagens
154 Textos do Brasil. Nº 13 boas condições, o tempo de fermentação varia de 12 a 24 horas, incluindo o período de decantação. A cachaça é boa ou não (no sabor, no aroma, na leveza, na maciez, no “dia seguinte”) em função de cada detalhe do processo de produção. Mas o conjunto de detalhes da fase de fermentação é essencial e difícil de gerenciar. Basta lembrar que, na prática, o que chamamos de fermentação é a criação de seres vivos, as leveduras, não visíveis ao olho nu, super sensíveis e exigentes quanto a horários de alimentação (renovação da garapa doce por natureza), tempo de descanso (decantação), condições ambientais (temperatura local e higiene do recipiente) e condições para reprodução e renovação das células. Se você tiver a oportunidade de visitar um alambique em todas as instalações, priorize a parte vital, onde se fermenta, e procure observar os cinco indicadores de qualidade do processo com influência direta na qualidade do produto final:

"ao chegar, respire fundo..."
3.1 ao chegar, respire fundo e sinta se o aroma é de frutas maduras, suave, agradável, ou se o cheiro é um misto de álcool e de algo azedo, como se alguma coisa estivesse ali se decompondo e exalando acidez.

3.2 veja se existem moscas e mosquitos no ambiente de fermentação. A presença de “moscas de vinagre” (drosófilas) indica infecção por bactérias acéticas que fazem aumentar a acidez do mosto e do produto final.

3.3 outro indicativo de qualidade da fermentação (ou melhor, da criação de leveduras) é o aspecto da espuma que fica na superfície do mosto parecendo fervura. É a ação das leveduras sobre os açúcares, provocando a formação de gás carbônico na proporção de uma molécula do gás para cada molécula do etanol. Também, a olho nu, preste atenção: mau sinal é a ocorrência de bolhas (quanto maiores, pior) e bom sinal é uma movimentação de “fervura” semelhante ao que acontece na culinária, principalmente em doces.

3.4       pergunte sobre a rotina de horários de renovação da garapa, de tempo de decantação do mosto de edição do brix (teor de sacarose) da garapa ao entrar no tanque. Quanto mais constância e disciplina melhor.

3.5 uma pergunta-chave para uma informação macro: de quanto em quanto tempo o “fermento” tem sido renovado, trocado, refeito? Bom indicador de qualidade é se ele não “arreia”, não “adoece” e não “morre” pelo menos durante toda safra convencional, em torno de seis meses. Para quem alambica o ano todo, ele deve estar bem o ano todo e todo o tempo, apenas sendo oxigenado de vez em quando.

4. Destilação – de tanto se “alimentarem” do açúcar da garapa, as leveduras a transformam em mosto, fazendo cair o teor de sacarose de mais ou menos 15º graus brix para zero. Aí o mosto zerado de sacarose fica um pouco em repouso, para decantação e “descanso” das leveduras, e, em seguida, vai para os alambiques enormes “panelas” com capacidade para cem a mil litros de mosto. A destilação da cachaça ocorre por aquecimento (fogo direto ou caldeira) do mosto que, ao ferver, entra em processo de evaporação. O vapor sobe no alambique e se transforma em líquido, condensando-se ao entrar em contato com o fundo do capelo cheio de água fria e corrente. Nessa fase de destilação, é absolutamente essencial tirar os primeiros litros da cachaça (essa primeira parte é chamada de Sabores do Brasil 155 “cabeça”) que são inevitavelmente contaminados por elementos agressivos à saúde e ao bom gosto do consumidor. Depois desses elementos mais voláteis, a destilação entra na etapa de produção da melhor parte da cachaça, chamada de “coração”. Esse produto de melhor qualidade representa dez por cento do total do mosto. Depois do “coração” vem a “cauda”, ou “água fraca”, que é tão ou mais nociva à saúde e ao bemestar do consumidor do que a “cabeça”. É aqui que se caracteriza uma das impossibilidades de conciliar quantidade e qualidade na produção realmente artesanal e ética de uma ótima cachaça. A opção para se ter um bom produto é não misturar “coração” com “cabeça” e “cauda”.

5. Armazenagem e Envelhecimento – engarrafar cachaça nova e colocá-la sem “maturação” no mercado deveria ser caso de saúde pública. Colocar cachaça nova sem engarrafar deveria ser caso de polícia. A cachaça armazenada em barris, tonéis ou dornas de madeira “curtida” faz enorme diferença em sabor e em ocorrência de elementos voláteis. Nessas circunstâncias, há diferenças marcantes entre a bebida produzida no dia, a armazenada há um mês e a envelhecida há seis meses, principalmente se a madeira for boa em poros, idade e troca de oxigênio, sem interferir no sabor, como carvalho ou bálsamo. Acondicionada em vidro, o envelhecimento é muito lento, levando anos para alcançar a maturação que na madeira se alcança em meses. Como conhecer uma boa cachaça? Resposta sem contra-indicação: experimentando e sendo exigente. Não se impressione com rótulos, folders, histórias interessantes: experimente e não tome se ela descer esquentando e “arranhando como unha de gato”. Também não tome se sentir cheiro de álcool e não de cana. Se notar acidez (gosto ou cheiro de vinagre), lembre-se do respeito que você deve ter com seu sistema digestivo! Não desvalorize seu olfato e seu paladar em função de condicionamentos e “folclores” sobre cachaça colorida ou cachaça branca, “rosário” ou não “rosário”: os desonestos falsificadores sabem como colorir ou como branquear. Acredite em sua capacidade de avaliar, analisar e ir comparando umas às outras, como quase tudo de bom que a gente faz na vida. Lamento não poder convidar cada leitor a ir ao meu alambique para ver a produção e experimentar a cachaça da Fazenda Boi Parido. Os que se animarem serão bem-vindos.

Demóstenes Romano
Jornalista e produtor de cachaça.
Artigo originariamente publicado na revista Sabor do Brasil, MRE, 2004.


Viola Cinturada


A Viola Cintura é uma arte do Luthier João Paulo Omodei. Com a palavra o luthier: "Fugindo um pouco dos modelos tradicionais de minhas violas, a pedido de um cliente, adorador de violas cinturadas, saiu esta beleza, pequena mas muito valente de som!!"







As madeiras:

Tampo:  Abeto Italiano
Lateral e fundo: Jacarandá Paulista
Braço: Mogno (com Tensor)
Escala e cavalete: Jacarandá da Bahia
Escala Abaulada de 19 polegadas









 Orientações sobre a viola caipira, a "viola cinturada" do luthier João e ecomendas, entre em contato com nós da Cachaçaria Mel na Boca. Daremos todo o suporte para sua preferência.


 
Escala e Cavalete: Jacarandá da Bahia




















Fundo: Jacarandá Paulista
Lateral: Jacarandá Paulista

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Revolta da Cachaça


Um pouco de história...

Revolta da Cachaça é o nome pelo qual passou à História do Brasil o episódio ocorrido entre final de 1660 e começo do ano seguinte, no Rio de Janeiro, motivado pelo aumento de impostos excessivamente cobrados aos fabricantes de aguardente. Também é chamada de Revolta do Barbalho ou Bernarda.

Em tempos atuais, a Revolta da Cachaça é manifestada por produtores mineiros. O imposto ainda representa mais de 80% do preço da cachaça.

Abaixo, leia mais sobre a Revolta. Revolte-se! quem sabe não consigamos barrar o grande volume de pingas e aguardentes nocivas a saúde, liberadas em todo quanto é tipo de buteco nesse Brasil a fora. O álcool veneno ou álcool droga, clandestinamente invade lares, bares, supermercados e outros estabelecimentos precários ou não, sem passar por nenhuma averiguação de qualidade, fiscalização e informação de sua fabricação e origem. O álcool industrial, sim, destroi o fígado e os rins.

A CACHAÇA é outra história, saiba mais, se achegue na Cachaçaria Mel na Boca para uma prosa...


sábado, 4 de fevereiro de 2012

Apreciando uma boa cachaça

Não é sair bebendo qualquer coisa por aí que nem a dona Joana acima... rsrs Oliver Blanco


Alguns cuidados são fundamentais na escolha de uma cachaça de qualidade.

Características visuais

O primeiro passo é a análise de suas características visuais. A cachaça deve ser transparente e brilhante. Não deve conter nenhum tipo de substância sólida. As embalagens transparentes facilitam a análise visual da bebida.

É sempre importante ler o rótulo, que deve conter as principais informações, como o teor alcoólico, o nome do fabricante, o registro do produto no Ministério da Agricultura e, se for uma cachaça envelhecida, o tempo e a madeira de envelhecimento.

A oleosidade deverá ser analisada após a cachaça ser servida no copo. Ao girá-lo, levando a bebida até a borda, uma película oleosa deverá se formar nas paredes internas; essa película deverá escorrer, formando ondulações. Nas cachaças de qualidade, essas ondulações permanecem na parede do copo por um tempo maior. Quando há falta de oleosidade na bebida, ela escorre rapidamente pelas paredes do copo.

Características olfativas

Seu aroma deverá ser suave e delicado, sem traços agressivos. O aroma alcoólico não pode ser acentuado a ponto de impedir que se percebam os demais aromas.

O aroma frutado é proveniente da fermentação da cachaça. Ele predomina em bebidas novas ou com pouco tempo de armazenamento. Nas cachaças envelhecidas, em especial as que adquirem a tonalidade amarelada, o aroma deixa de ser frutado, predominando os componentes amadeirados dos tonéis.

O aroma avinagrado é um sinal de que a cachaça envelhecida contém excesso de acidez.

Características gustativas

Para análise das características gustativas, deve-se colocar um gole de cachaça na boca e movimentá-la de modo que atinja toda a extensão da língua e toda a parte interna da boca.

Na ponta da língua é sentido, principalmente, o gosto adocicado da bebida (proveniente do envelhecimento). A sensação de acidez é mais presente nas laterais da língua. A cachaça de qualidade possui níveis de acidez que não provocam "queimação desagradável" na língua. A sensação de acidez tende a se reduzir durante o envelhecimento da cachaça. Popularmente, é comum dizer que a bebida envelhecida é mais "aveludada".

Na região próxima à garganta é sentida uma leve sensação de amargor. O que confere amargor à bebida são alguns compostos extraídos da madeira. O amargor varia conforme o tipo de madeira (algumas nem conferem amargor).

Fonte: Cachaça – Um Amor Brasileiro (Melhoramentos; 166 páginas; 59 reais), de Alessandra Garcia Trindade

 

Cachaça – Um Amor Brasileiro

O Envelhecimento da Cachaça

O processo de envelhecimento natural da cachaça consiste em armazená-la em barris de madeira por um tempo determinado, ação que produz resultados na composição química, no aroma, no sabor e na cor da bebida. Durante o envelhecimento, ocorrem numerosas reações que resultarão em diferenças significativas, do ponto de vista sensorial, entre uma cachaça que tenha sido envelhecida de uma que não tenha passado por tal processo.

A cachaça envelhecida sofre influência, principalmente, da oxidação de componentes gerados na fermentação e destilação, e também de componentes extraídos da madeira e incorporados à bebida. Para o envelhecimento da cachaça são utilizados barris de madeira. O termo tonel é bastante usado para nomear esses recipientes. No entanto, a determinação do nome, tonel ou barril, depende da sua capacidade de armazenamento.

Tonéis são os recipientes que possuem capacidade de armazenamento de 1.000 a 500.000 litros. São utilizados para receber a bebida e executar misturas de cachaça. Não são tão propícios ao envelhecimento, pois a área de contato da bebida com a madeira em relação ao volume total é pequena. Já os barris são recipientes menores que os tonéis, cuja capacidade de armazenamento varia, em geral, de 100 a 550 litros. Os de 250 litros são os mais usados, pois têm maior facilidade de manuseio, preço mais acessível e melhor área de contato da bebida com a madeira. No Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento estabelece que o recipiente utilizado para o envelhecimento da cachaça deve ter a capacidade máxima de 700 litros.

A temperatura e a umidade do ambiente também influenciam na qualidade da bebida. Bebidas envelhecidas em ambientes cuja temperatura varia de 9 a 15°C, e a umidade relativa é próxima a 73%, apresentam aroma mais fino e agradável. Para alcançar a temperatura ideal, recomenda-se que o local de armazenamento possua pé-direito alto (acima de 4 metros) ou que a adega seja subterrânea. Telhados de barro, paredes e piso de pedra também contribuem para amenizar os efeitos do calor no local de armazenamento.

Embora o barril sirva em primeiro lugar como um reservatório, ele atua também como uma membrana semipermeável que permite a passagem de álcool e vapores de água para o ambiente externo. Esse fenômeno é parte fundamental do processo de envelhecimento.

As características do barril – tipo de madeira, idade e tamanho – e as condições ambientais do local de armazenamento serão determinantes no processo de envelhecimento da cachaça. Quanto mais novo o barril, maior será a influência da madeira no sabor, odor e aroma da cachaça. O tamanho, ou seja, a capacidade de armazenamento dos barris, também influencia no processo de envelhecimento. Se compararmos dois barris de tamanhos diferentes, mas feitos da mesma madeira e com a mesma idade, no recipiente menor a bebida terá mais contato com a madeira e, conseqüentemente, a extração dos componentes (da madeira) será maior. 

O tamanho do barril também tem influência na evaporação da bebida durante seu período de envelhecimento. Bebidas alcoólicas estocadas em barris pequenos sofrem uma perda maior por evaporação. Um estudo feito com barris de carvalho constatou perda ou diminuição do volume de aproximadamente 2% ao ano em recipientes de 500 litros. Esse índice chegou a 3% nos barris de 250 a 300 litros.

Para manter a umidade alta, é comum a construção de cascatas e valetas com água corrente no recinto de envelhecimento. Outra opção é molhar freqüentemente o ambiente, incluindo os barris. É comum a variação de nível de umidade dentro um mesmo cômodo de envelhecimento. Em locais próximos ao telhado a atmosfera tende a ser mais seca; já em áreas próximas ao chão, a umidade é maior.

A umidade afeta o volume dentro do barril e o teor alcoólico, tendo pouco efeito sobre outros componentes da bebida. Já as temperaturas mais baixas minimizam perdas por evaporação e favorecem o desenvolvimento do bouquet.

A concentração de álcool na bebida estocada tem influência no desenvolvimento do aroma. Para bebidas destiladas, o teor alcoólico indicado para o envelhecimento é de aproximadamente 63% v/v. Nesse índice (63% v/v) há uma maior extração dos componentes da madeira (muitos compostos que proporcionam sabor e aroma à bebida são mais solúveis em álcool do que em água). Teores mais altos de álcool diminuem a velocidade de envelhecimento e de desenvolvimento do aroma.

Após o período de envelhecimento, adiciona-se água potável ou cachaça com menor teor alcoólico para que o produto final tenha o teor pretendido pelo produtor (de 38 a 48% vol). O tempo de armazenamento ideal sofrerá variações de acordo com as características do barril (tipo de madeira, idade e tamanho) e com as condições ambientais do local de armazenamento (temperatura e umidade). Não é correto dizer que a cachaça melhora de qualidade indefinidamente com o tempo de armazenamento. Quanto maior o tempo de contato da cachaça com a madeira, maior será a extração de componentes, que, em excesso, podem incorporar um sabor amargo à bebida. O contato exagerado com a madeira também pode acarretar um aumento indesejável da acidez volátil, dependendo das condições do barril ou tonel.

Para a obtenção de uma cachaça de qualidade, é de fundamental importância a presença do profissional que acompanha a evolução do sabor e do aroma da bebida durante o seu período de envelhecimento. A cachaça estará pronta para o engarrafamento quando atingir a plenitude do sabor e do aroma.

A mistura correta de cachaças de vários barris – mais novos e/ou mais velhos, estocados em cima e em baixo – e de várias idades também será decisiva na qualidade do produto final.

Cachaças envelhecidas durante muitos anos podem ser "cortadas" (ou misturadas) com cachaças de outras idades. Para esses casos, há critérios estabelecidos por lei para a definição do tempo de envelhecimento, o qual constará do rótulo do produto (Instrução Normativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Bebidas destiladas, como a cachaça, reagem de maneira diversa das bebidas fermentadas (cerveja e vinho, por exemplo) após terem sido engarrafadas.
Vinho e cerveja são produtos que não passam pelo processo de destilação, sendo ricos em componentes e possuindo teor alcoólico menor.

A cerveja, cujo teor alcoólico varia de 4 a 5% v/v, passa por um processo de pasteurização antes de ser envazada.

No caso do vinho, cujo teor alcoólico varia de 8 a 13% v/v, o mais comum é que sejam utilizados conservantes para garantir sua qualidade no tempo, considerando-se que também é um produto muito rico em substâncias além do álcool.

Já a cachaça, bebida com o teor alcoólico mais alto (38 a 48% v/v), não necessita de pasteurização nem de uso de conservantes. Por se tratar de um produto não perecível, o tempo de estocagem em garrafa não influenciará a qualidade do produto (desde que a garrafa esteja completamente lacrada). Após aberta a garrafa, poderá ocorrer perda de volume e de teor alcoólico da bebida.

Fonte: Cachaça – Um Amor Brasileiro (Melhoramentos; 166 páginas; 59 reais), de Alessandra Garcia Trindade
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