Páginas

quinta-feira, 31 de março de 2011

...sobre Alcoólicos Anônimos

Contra-capa do livro O mito da doença espiritual na dependência de álcool

                O número de dependentes de álcool hoje em tratamento é insignificante. Não chega a 1%, segundo a OMS. A maioria padece desalentadoramente, sentindo-se constrangida pelos programas populares existentes, assentados nos Doze Passos de Alcoólicos Anônimos, o que leva a sociedade a estigmatizá-los. Os chamados “programas recuperadores” pedem aos dependentes que se confessem pecadores e portadores de transtornos de caráter, passíveis de se penitenciarem para alcançar a sobriedade, o que lhes traz mais problemas de ordem emocional.

                     Luiz Alberto Bahia mostra neste livro o que realmente vem acontecendo na construção dessa realidade perversa, em que os dogmas extemporâneos, contudo ainda vigentes, monopolizam o amparo aos dependentes sem recursos, não abrindo espaço para que eles alcancem verdadeiramente a libertação de suas agruras. O autor não só mostra que são mitos os fundamentos para atribuir causas moralistas e espirituais à doença, como propõe alternativas mais racionais para o encaminhamento da questão. Não se trata apenas de combater os métodos ultrapassados e preconceituosos que pregam o continuísmo das dependências – agora sob a roupagem de programas de recuperação -, mas sobretudo, de estimular um amplo debate que vise ao estabelecimento de uma nova ordem que possa proporcionar um horizonte realmente alvissareiro para os dependentes compulsivos. Essa é a grande alternativa que este livro apresenta.
 
 
 

quarta-feira, 30 de março de 2011

Papo de Bar


a web é de quem bebe...


               O blogueiro Jeremy Joseph, conhecedor da nossa encantadora cachaça, prestou homenagens a José Alencar, citando e excitando - ao apreciador da cachaça - ao tecer sua opinião de degustador nobre a bela cachaça Maria da Cruz...




"O aspecto é muito bom: a Maria da Cruz tem uma bela fluidez, deixa uma bonita cortina no copo e é muito cristalina. E o sabor é ótimo. Não queima, desce macio, deixa um retrogosto limpo, com sabor de cana nova, que persiste por um bom tempo. É excelente para acompanhar aquela prosa, ouvindo música e comendo queijo minas."

                ...Jeremy é um Cachacista. 



 Oliver Blanco

quarta-feira, 16 de março de 2011

Tributação da Cachaça

               O texto é anacrônico, no entanto, a falta de respeito e defesa do nosso patrimônio cultural, ao nosso produto e produtores alambiqueiros do Brasil continua e é atual...



Produtor de cachaça
tem dor de cabeça com tributo cobrado sobre preço final

Por TALITA FIGUEIREDO,

Folha de S.Paulo, no Rio de Janeiro
16/01/2007

               Quase 30 mil pequenos produtores de cachaça estão em confronto aberto com quatro grandes empresas vendedoras de aguardente. Eles reclamam da forma de taxação da bebida, atrelada ao preço de venda, e não ao teor alcoólico, o que faz com que o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de cachaça artesanal seja quase sete vezes o pago pelas grandes indústrias.

               O tema fez parte das discussões levantadas na Feica Rio (1ª Feira Internacional de Cachaça Artesanal), na semana passada, no Rio.

               "O pequeno produtor de cachaça chega a pagar R$ 2,20 de imposto por litro vendido. A cachaça industrial, que está na mão de quatro grandes empresas do país, é vendida mais barata, por isso paga R$ 0,30 por litro", diz Murilo Albernaz, diretor-executivo da Fenaca (Federação Nacional das Associações dos Produtores de Cachaça de Alambique).

               O argumento, diz ele, é em proteção dos mais fracos: são 30 mil produtores, principalmente no semi-árido, que têm o alambique como fonte de renda numa produção estimada de 500 milhões de litros/ano. As quatro ou cinco maiores empresas, segundo Albernaz, produzem "800 milhões de litros por ano de cachaça de baixo preço".

               "Em todo lugar do mundo se protege o pequeno produtor, [mas] no Brasil eles se influem pelo lobby das grandes indústrias", afirmou.

               Ele apontou ainda perda de arrecadação do governo. Se todos os produtores forem tributados pelo teor alcóolico, terão de pagar o mesmo imposto, o que elevaria a arrecadação de governo em mais R$ 1,5 bilhão. Albernaz informou que o mercado movimenta de R$ 6 bilhões a R$ 7 bilhões por ano.

               A presidente do Ibrac (Instituto Brasileiro da Cachaça) e diretora de relações externas da Pitú -uma das grandes empresas-, Maria das Vitórias Cavalcanti, disse que essa é a "fórmula definida pelo governo" e que não considera o pleito justo.

               "O imposto tem que ser proporcional ao que cobro do consumidor. Não é justo ser diferente", afirmou.
 
 
Fonte e comentário por Roberto C. M. Santiago: http://robertosantiago.blogspot.com/2007/01/cachaa-x-tributao.html
 
_oliver blanco_

Cachaças Mel na Boca & Parceria Bersi Vetrano


          Cachaças de Alambique Mel na Boca, bebendo e ouvindo o Brasil é produzida pelo Bersi Vetrano Cachaça Artesanal Ltda ME no Sítio Engenho - Cravinhos/SP - Brasil.

            O envelhecimento, em tóneis de Carvalho (4 anos "premium" e 2 anos) e tonéis de Castanheira Rosa (1 ano) e o engarrafamento, é fruto do trabalho da  Cachaçaria Men na Boca...

segunda-feira, 14 de março de 2011

CROMATOGRAFIA DA CACHAÇA

 
            Na cromatografia gasosa monodimensional, uma amostra em solução líquida é inserida em aparelho que torna a solução gasosa. Ao passar por uma coluna, os compostos da mistura são separados e, em seguida, detectados e quantificados em um espectrômetro de massas.

            Já a cromatografia bidimensional abrangente usa duas colunas em sequência, permitindo a separação e observação, com alto grau de resolução e sensibilidade, de compostos que passam despercebidos pela cromatografia convencional.

Branquinha em minúcias

Pesquisadores do Departamento de Química usam nova técnica cromatográfica para identificar componentes presentes na cachaça

Luiza Lages

            Técnica usada para análise de compostos voláteis, a cromatografia bidimensional abrangente foi empregada pela primeira vez por um grupo de pesquisadores da UFMG para estudar componentes – incluindo substâncias nocivas ao organismo – de cachaças produzidas no Brasil. O estudo foi desenvolvido pelos pesquisadores Zenilda Cardeal, professora do Departamento de Química do ICEx, e Patterson de Souza, recém-doutor pela UFMG, com a colaboração de Rodinei Augusti, também do Departamento de Química.

            Eles contaram com a parceria de Philip Marriott e Paul Morrison, do Royal Melbourne Institute of Technology (RMIT), da Austrália. Lá, a pesquisa, que relacionou 50 amostras da bebida brasileira, foi publicada no final de 2008 no Journal of Chromatography A.

            A cachaça é a terceira bebida alcoólica mais produzida no mundo e vem ganhando prestígio e admiradores. Mas há fatores que ainda limitam a sua exportação, como a presença de substâncias que comprometem a qualidade e causam danos à saúde. É o caso dos ftalatos, componentes tóxicos que provocam problemas nos rins e fígado e danos ao feto. Embora não tenha sido alvo da pesquisa, esta é uma das substâncias que podem ser detectadas com o uso da técnica. “De um lado, ela permite identificar compostos nocivos presentes em proporções bem reduzidas no material analisado; por outro, serve para determinar o que distingue uma cachaça de outra: o tipo de madeira usado, o tempo de envelhecimento, as características da destilação”, exemplifica Zenilda Cardeal.



            O diferencial desse trabalho é o emprego de versão avançada da cromatografia gasosa, a cromatografia bidimensional abrangente, ou simplesmente GCxGC. “Enquanto outros processos de cromatografia comum identificam, no máximo, 30 componentes do aroma, com a técnica GCxGC é possível detectar centenas”, informa Patterson de Souza.

            Ele e Zenilda Cardeal selecionaram 100 compostos presentes nas amostras de cachaça para fazer a análise de dados. Ela funciona como uma degustação mais apurada, apontando qualidades e defeitos da bebida. “Com essa técnica conseguimos ter uma ideia da origem dos compostos e associar a informação com a qualidade do produto”, afirma Patterson.
Além de detectar os componentes, os pesquisadores também analisam características do sabor e do aroma relacionadas a cada etapa de produção da aguardente.

            De acordo com Patterson, a escolha da cachaça para o estudo se deve à valorização dos aspectos artesanais envolvidos em sua fabricação, o que leva os produtores a desconhecerem aspectos químicos do processo. “Nossa intenção é gerar informações úteis”.

            “Os estudos mostram como determinada alteração no processo de fabricação pode gerar um efeito benéfico para o produto”, explica o pesquisador, que já trabalha em parceria com produtores na aplicação da técnica.

            No ano passado, logo que Patterson retornou da Austrália, um fabricante do município de Salinas, no Vale do Jequitinhonha, principal centro produtor de aguardente no país, procurou o pesquisador para saber qual seria o efeito provocado pela incorporação de uma resina de troca iônica à bebida. “Ele queria saber se era interessante ou não usar a resina, e como usá-la, porque muitos alambiques de Minas a utilizam, só que um deles usa a resina e depois passa a cachaça pelo filtro de carvão”, relata Patterson. A investigação analisou três amostras da cachaça: antes dela chegar à resina; depois do uso da resina e antes de passar pelo filtro; e depois do filtro. “O resultado mostrou que a resina agrega uma substância à cachaça que não é benéfica, mas que, em certo momento, o filtro de carvão consegue retirá-la”, conta Patterson, consultor científico da Associação Mineira de Produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq) e associado à Federação Nacional das Associações dos Produtores de Cachaça de Alambique (Fenaca).
 Felipe Chaves
Patterson e Zenilda
Cromatografia avançada

            Zenilda Cardeal, Patterson de Souza e a professora da Faculdade de Farmácia Leiliane Coelho André Amorim integram a equipe do Centro Mineiro de Cromatografia Avançada. “O objetivo do Centro é institucionalizar o trabalho que desenvolvemos juntos”, conta Patterson. Os dois primeiros pesquisadores estudaram na RMIT University, da Austrália, onde funciona o principal núcleo de Cromatografia Multidimensional do mundo. Já a pesquisadora Leiliane realizou suas pesquisas em Atlanta, nos Estados Unidos.

            Apesar de dominar a técnica, a UFMG dispõe apenas do Patterson e Zenilda: qualidade software que faz a análise de dados gerados pelo processo. “Os equipamentos necessários existem apenas e segurança para a cachaça no Rio Grande do Sul e no Rio de Janeiro”, afirma brasileira Zenilda Cardeal. Segundo ela, o objetivo do grupo é montar na UFMG toda a infraestrutura necessária aos testes. “Queremos fazer aqui o que hoje somos obrigados a executar lá fora”, diz a professora.

            Na tentativa de captar recursos para a compra do sistema de cromatografia, o grupo apresentou, no ano passado, um projeto de US$ 220 mil à Petrobras. Mas, em função da crise econômica, a empresa não liberou o financiamento. Outras fontes de recurso são os dois projetos aprovados pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e pelo CNPq, que somam R$ 400 mil. Nesse caso, a equipe da professora Zenilda enfrenta outro obstáculo: a princípio, o dinheiro não pode ser usado exclusivamente para a compra de equipamentos, que é o desejo do grupo.

quinta-feira, 3 de março de 2011

"bebendo e aprendendo"


            Cachaças bebendo e aprendendo – Guia prático de degustação (Mauad), de Marcelo Câmara, é o primeiro livro do mundo de degustação de cachaças. Obra de vanguarda, oferece, pela primeira vez ao leitor, a arte e a técnica de degustar cachaças, todas as informações, dicas e segredos para quem quer conhecer as qualidades e virtudes sensoriais da bebida brasileira, para os que querem saber, com certeza, se uma cachaça tem ou não excelência no aroma e no sabor. O livro, ao apresentar os valores, conceitos e características de excelência de uma cachaça, ensina e convida o leitor a degustar com muita informação, inteligência e sensibilidade, a fim de que ele saiba mais, tenha mais sabor e mais prazer. Seguindo um roteiro de degustação passo a passo – da escolha da marca e do copo à avaliação final, passando pela percepção visual, olfativa e gustativa, por todos os seus sentidos – o leitor percorrerá, com segurança, um ritual capaz de revelar uma pinga maravilhosa, uma pinga de qualidade superior, uma pinga mediana e uma pinga ruim. A edição teve o apoio cultural da Cachaça Samanaú, de Caicó, RN.

(Mauad, 192 p., R$ 39,00)
            Com quase duzentas páginas, belo formato portátil, cuidadosa edição bilíngue (português/inglês), primoroso projeto gráfico e ricamente ilustrada com fotos coloridas – Cachaças bebendo e aprendendo contém “fichas de degustação” a serem preenchidas pelo leitor, sob a orientação do autor, considerando todos os aspectos sensoriais da cachaça e circunstâncias do ato cultural de degustar. Assim o leitor irá se exercitar na arte da degustação e aprender a julgar e selecionar o que beber, com sabedoria e prazer. Registrando as características e a sua avaliação sobre cada cachaça que degustar, o leitor desejará beber novamente as pingas de qualidade sensorial e, jamais será levado a degustar as pingas que julgou “malditas”, terríveis, mal-cheirosas e vomitativas. Um ranking das melhores cachaças e outro das melhores cachaças envelhecidas, ambos construídos pelo autor e publicados pela revista Playboy em 2006, são reproduzidos no livro. A obra traz ainda, pela primeira vez, as originais, legítimas e centenárias receitas dos principais drinques brasileiros feitos à base de cachaça: a caipirinha, o caju-amigo, a batida de maracujá, a batida de limão, a cachaça com limão, e uma novidade: a Marcelina, um drinque que homenageia o autor. Caitriona Kavanagh e Geraldo Cantarino fizeram, em Londres, a versão para o inglês. A designer carioca Marcela Petersen assina o projeto gráfico e as fotografias são de Raimundo Melo e Bruno Lira.

    foto: Bruno Lira
Marcelo: mais de 50 anos de pingofilia militante.
            O autor, Marcelo Câmara, jornalista, escritor, editor e consultor cultural, foi o primeiro degustador de cachaças a se profissionalizar no mundo e o criador das normas e critérios sensoriais para degustação da bebida brasileira. Pingófilo (amante e bebedor da boa pinga) por mais de meio século e cachaçólogo (estudioso) há mais de quarenta anos, com dezenas de trabalhos publicados sobre o tema, ele é o autor de outro livro também de vanguarda, Cachaça - Prazer Brasileiro (Mauad), o primeiro dirigido ao mercado, ao consumidor real e potencial do destilado nacional. Marcelo idealizou, fundou e presidiu a Confraria do Copo Furado, pioneiro sodalício cultural que existiu no Rio de Janeiro, de 1994 a 1997, e que, reunindo degustadores de cachaça, divulgou e promoveu a cachaça internacionalmente como uma das mais belas expressões da Cultura e da História brasileira. Criou o slogan, o grito de paz da Confraria: "Unidos beberemos! Sozinhos também". É, também, o criador de diversos rituais e de um rico e bem humorado léxico da cachaça, como as palavras pingófilo, pingofilia, bota-gosto, decana, cananização, biritanicamente. Como cachaçólogo, com amplos e profundos conhecimentos técnico-científicos e vivências sobre o destilado nacional, presta consultoria a empresas, governos, instituições e eventos.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...